quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um homem só???




Direito de Amar, esse foi o título medíocre dado a um filme ao ser lançado no Brasil em 2010. Com um título desses, há a ideia de que o filme é um simples romance, ainda mais ao se ver o pôster mais divulgado: Julianne Moore e Colin Firth deitados lado a lado.  Longe disso, o filme é uma obra de arte, com a direção e o roteiro do amador Tom Ford, vai muito além do simples clichê que erroneamente o lançamento brasileiro quis transmitir, muito mais que um romance convencional com um final feliz.
Com o título original de A Single Man (podendo ser traduzido para o português literalmente como “Um Homem Só”), é um filme baseado na obra homônima de Christopher Isherwood, ambientado nos anos 60, em Los Angeles. O filme conta a história da dor. Não a dor personificada, mas a dor da perda; no filme Colin Firth (fazendo o papel de um professor homossexual bem-sucedido, George Falconer) perdeu o seu parceiro de 16 anos em um acidente de carro.
Após oito meses de sua perda, Falconer continua arrasado, decidido a cometer suicídio, o que fica evidente logo no inicio do filme. É transparente em cada segundo da atuação de Colin Firth a dor que aquilo ainda lhe causa e o peso da decisão que ele tomara. Coloca todos os seus negócios em ordem e faz os preparativos para seu suicídio, porém algo no seu dia faz com que algumas coisas mudem.
A direção e o roteiro do filme são espetaculares, o que torna incrível saber que essa foi a estréia cinematográfica de Tom Ford, até então, um estilista. Ele soube construir a melancolia e a tristeza de maneira profunda, o sentimentalismo transborda, a fotografia, a trilha sonora, o cenário, o figurino e as cores nos trazem um envolvimento maior com a história de cada personagem do filme. Nada está fora do lugar, inclusive os coadjuvantes, Julianne Moore com sua curta participação consegue roubar a cena. Nicholas Hoult (no papel de Kenny, garoto que demonstra admiração por George no “dia D”) talvez carregando o ar cínico de sua atuação na série inglesa Skins, mas de uma beleza juvenil essencial para o desenrolar da trama.
É um filme sensível e cheio de ironia. Com diálogos reflexivos, marcantes e cheios de sentido. O clima lento aumenta a angústia e a solidão, é impossível ficar indiferente ao término do filme, é uma sensação de abandono. E apesar de personagens homossexuais, o filme não trata o assunto, e sim, a busca de identidade, o medo da solidão, do desconhecido. Um filme completo de todas as formas, com seu tempero acinzentado e sua felicidade momentânea e nostálgica. 

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