sábado, 7 de maio de 2011

"oh baby, please, don't let me down"


As imagens ficam indesejadamente passeando pela minha cabeça, um sorriso aqui, outro do lado de lá, mas nenhum sorriso solto, é tão bom que então vem o sorriso só e aquele da mesma forma que vem, simples, parece cortar fundo porque acompanha algo que acabou. Hora de se perguntar: quando é que vai passar? Quando é que vai, aquela noite marcada como a mais feliz de uma vida, voltar a ser vista como uma boa recordação?

“você ali sentado ao meu lado, as lágrimas embaçando a minha vista, uma felicidade absoluta, ‘pode chorar, você é linda de qualquer jeito’, um toque de mãos na calçada e uma lua perfeita logo acima, eu já posso morrer agora, eu sei que vivi até aqui por esse momento”

Agora eu acordo e sei exatamente onde estou, sei exatamente o que me falta, o rosto que eu encaro na frente do espelho não é mais vazio, ele sente saudade, raiva, tristeza, dessa vez não foi culpa dele e então ele chora, chora, chora e para por um minuto, eu não quero chorar, não serve para nada, mas o rosto volta a chorar, é aquele rosto cheio de amargura exteriorizando toda a solidão.

“um pouco de confusão, você sentado de frente para mim, sorrindo, algumas palavras, risadas, beijos e carinhos, o teu ombro que é tão bom pra mim, ‘não, ta bom aqui, não preciso de mais nada’, brincadeiras, bobagens, segredos”

Vão e voltam a cada minuto, um dia tem mais intensidade que o outro. Quando é mais frio a vontade de ter um abraço aquecendo é maior, quando é calor, a tontura vem, e a ânsia pelo beijo e a cócega do corpo no corpo aumenta. Mas aquilo machuca tanto que sim, o preferível é nunca ter existido, permanecer estático. As imagens voltam para me torturar, não, não, eu não quero acordar, dormir já é tão complicado.

“eu deito na tua frente e envolvo o meu braço no teu corpo, você, com aquele olhar no meu, transmitindo a vontade de ter tudo, passando a mão no meu cabelo, fazendo-me sentir como a única mulher do universo”

Ninguém queria que isso acabasse, a paz estava lá, o carinho, a ternura, a amizade, nós tínhamos quase tudo

“sim, eu ainda preciso de você, mas você estragou tudo”

e então foi desmoronando aos poucos até aquele momento em que não dava mais pra aceitar qualquer coisa, não, é como se aquilo estivesse começando a mostrar a verdadeira face e ela não queria levar tapa algum. E nessa hora, ah, nessa hora... Eu quero esquecer, até voltar no tempo e fazer tudo sem ter vivido nada disso, impossível. As cinzas ficaram todas espalhadas por aí.

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